COVID 19 E GRAVIDEZ – ATUALIZAÇÃO
Informações compiladas de:
Royal College of Obstetricians & Gynaecologists, March 22, 2020
OMS
PubMed
Marcos Leite dos Santos
27/03/2020
Os coronavírus pertencem a uma grande família de vírus que pode causar doenças em animais ou humanos. Em humanos, sabe-se que vários coronavírus causam infecções respiratórias, que variam do resfriado comum a doenças mais graves, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença denominada COVID-19.
A maioria das pessoas infectadas com o vírus causador da COVID-19 ou ficará sem sintomas ou irá desenvolver uma doença respiratória leve a moderada e se recuperará sem a necessidade de tratamento especial.
Os sintomas mais comuns da COVID-19 são: febre, cansaço e tosse seca. Alguns pacientes podem ter dores no corpo, congestão nasal, corrimento nasal, dor de garganta ou diarreia, assim como falta de paladar e olfato. Esses sintomas geralmente são leves e começam gradualmente. Algumas pessoas são infectadas, mas não apresentam sintomas e não se sentem mal. A maioria das pessoas (cerca de 80%) se recupera da doença sem precisar de tratamento especial. Cerca de 1 em cada 6 pessoas que contrai a COVID-19 fica gravemente doente e desenvolve dificuldade em respirar. As pessoas idosas e as que têm problemas médicos subjacentes, como pressão alta, problemas cardíacos ou diabetes, têm maior probabilidade de desenvolver doenças graves. Pessoas com febre, tosse e dificuldade em respirar devem procurar atendimento médico.
“Período de incubação” significa o tempo entre contágio com o vírus e o início dos sintomas da doença. A maioria das estimativas do período de incubação do novo Corona vírus varia de 1 a 14 dias, geralmente em torno de cinco dias. Essas estimativas serão atualizadas à medida que mais dados estiverem disponíveis.
As orientações a seguir foram publicadas como um recurso para profissionais de saúde do Reino Unido, com base em uma combinação de evidências científicas disponíveis, boas práticas e aconselhamento por especialistas. As prioridades são a redução da transmissão da COVID-19 a mulheres grávidas e prestação de cuidados seguros a mulheres com suspeita ou confirmação da COVID-19.

Essa orientação será mantida sob revisão regular à medida que novas evidências surgirem.

Gostaríamos de reiterar que a evidência que temos até agora é que as mulheres grávidas não são mais propensas a contrair a infecção do que a população em geral.
O que sabemos é que a gravidez, em pequena proporção das mulheres, pode alterar a maneira como seu corpo lida com infecções virais graves. Isso é algo que parteiras e os obstetras sabem há muitos anos e estão acostumados a lidar.

Partindo do pressuposto que cada indivíduo é único, sabe-se que cada um apresenta uma resposta individual à infecção viral, assim como a resposta será diferente para cada tipo de vírus.

Como sabemos pouco sobre a COVID-19, estamos utilizando a influenza (doença infecciosa aguda de origem viral que acomete o trato respiratório, ocorrendo em epidemias ou pandemias e frequentemente se complicando pela associação com outras infecções bacterianas – O nome da doença, bastante antigo, deriva da suposta influência planetária sobre a saúde), que já é bem conhecida, como um parâmetro de comparação: dados da Austrália identificaram que existe um aumento do risco do agravamento da influenza no final da gravidez, em comparação com as grávidas acometidas no 1º trimestre. Em outros tipos de infecção por coronavírus (SARS, MERS), os riscos para a mãe parecem aumentar especialmente no último trimestre da gravidez. Em pelo menos um estudo com a COVID-19 houve um risco aumentado de parto prematuro, quando a interrupção foi indicada por razões médicas maternas após 28 semanas de gestação [ ].

Efeito sobre o feto
Atualmente não existem dados sugestivos de risco aumentado de aborto ou perda precoce da gravidez em relação à COVID-19. Estudos de casos sobre gravidez precoce com SARS e MERS não demonstram uma relação convincente entre infecção e aumento do risco de aborto ou perda no segundo trimestre [ ].

Como não há evidência de infecção fetal intrauterina com a COVID-19, é atualmente considerado improvável que haja efeitos congênitos do vírus no desenvolvimento fetal. Não há evidências atualmente que o vírus seja teratogênico, ou seja, que tenha a capacidade de gerar malformações no feto.
Anteontem foi publicado um relato de caso: em relação à transmissão vertical (transmissão da mãe para o bebê antes do nascimento ou intraparto), evidências recentemente publicadas sugerem a possibilidade da transmissão vertical, embora a proporção de gestações afetadas e o significado para o neonato ainda não tenha sido determinado. Conforme visto anteriormente, os relatos de casos na China sugeriram que não havia evidências de contaminação do líquido amniótico, sangue do cordão umbilical, esfregaços de orofaringe dos recém nascidos, esfregaços placentários, amostras de fluidos genitais e leite materno de mães infectadas com COVID-19
O novo relatório publicado na quinta-feira, 26 de março de 2020 , descreve um único par mãe-bebê no qual o bebê, nascido de uma mãe com COVID-19 apresentava SARS-COV-2 IgM no soro ao nascer. Desde que a IgM não atravessa a barreira placentária, é provável que represente uma resposta imune neonatal à infecção no útero.

IMPORTANTE: As evidências acima são todas baseadas em uma ÚNICA descrição de caso. A situação pode mudar e continuaremos a monitorar resultados. O Reino Unido acaba de iniciar um monitoramento centralizado e em tempo real das mães afetadas e seus bebês através do UKOSS – Obstetric Surveillance System

Há relatos de casos de parto prematuro em mulheres com COVID-19, mas não está claro se todos esses partos foram prematuros por indicação médica ou se alguns eram espontâneos. Os partos induzidos por razões médicas maternas foram predominantemente relacionados à infecção viral; em pelo menos um caso houve evidências de comprometimento fetal e ruptura prematura das membranas anteparto [ ].

Reforçando a orientação da OMS sobre a importância do isolamento social, os novos dados liberados no dia 25 de março pelo CDC sugerem que adultos de todas as idades podem evoluir para a forma grave da COVID-19. Os dados mostram que 20% das mortes registradas nos EUA eram de pessoas com idades entre 20 e 65 anos e 20% das pessoas hospitalizadas nos Estados Unidos tinham entre 20 e 44 anos, conforme relatado pelo Medscape.
Nossas orientações gerais são:

 1 – Se você está infectada com o novo Corona vírus, é mais provável que não tenha sintomas ou, na maioria das vezes, uma doença leve; assim sendo, você terá uma recuperação completa.
2 – Se você desenvolver sintomas mais graves ou se sua recuperação for lenta, isso pode ser um sinal de que você está desenvolvendo uma infecção pulmonar mais grave e que necessite de tratamento médico especializado, e nosso conselho permanece:
3- Se você sentir que seus sintomas estão piorando ou se não estiver melhorando, entre em contato com o seu médico para discutir a melhor conduta.
Dado ao conhecimento limitado atualmente disponível sobre como a COVID-19 poderia afetar a gravidez, considera-se prudente que as mulheres grávidas aumentassem seu distanciamento social para reduzir o risco de infecção.
Você deve prestar especial atenção e evitar o contato com pessoas conhecidas por apresentarem a COVID-19 ou aqueles que apresentam sintomas compatíveis com a doença.
Mulheres acima de 28 semanas de gestação devem estar particularmente atentas ao distanciamento social e à minimização do contato com outros indivíduos.
Conselhos sobre suas consultas ou visitas urgentes a clínicas e hospitais
Se você está bem no momento e não teve complicações nas gestações anteriores, os seguintes conselhos podem ser úteis:

Se você tiver uma consulta de rotina ou visita ao hospital agendada nos próximos dias, entre em contato com o consultório ou a maternidade para obter mais informações. No momento os hospitais estão fechados às visitas.
Se você estiver entre as consultas, entre em contato com o consultório do seu médico. Assim você será informada sobre o que fazer.
Qualquer que seja sua situação pessoal, considere o seguinte:
Se você tiver alguma dúvida, poderá entrar em contato com seu obstetra como de costume, mas observe que ele pode levar mais tempo do que o normal para responder.
Se você tiver um problema urgente relacionado à sua gravidez, mas não relacionado ao coronavírus, entre em contato usando o mesmo telefone de emergência que você já possui. Por favor, não entre em contato com este número, a menos que você tenha um problema urgente.
Se você tiver sintomas de coronavírus, entre em contato imediato.
Você será solicitada a manter o número mínimo de pessoas com você durante a consulta. Preferencialmente ir sozinha, reduzindo o número de pessoas expostas no consultório.
Pode ser que seja necessário reduzir o número de consultas pré-natais que você realiza. Isso será comunicado. Não reduza seu número de visitas sem a orientação do seu obstetra.

Neste momento, é particularmente importante que você ajude seu obstetra a cuidar de você. Se você teve um cancelamento ou remarcação da consulta e não tiver certeza da sua próxima consulta ligue para o consultório e confira com a secretária o novo agendamento.

Para mulheres que tiverem sintomas da doença, as consultas podem ser adiadas até completar o período de contágio de 7 dias após o início desses sintomas e, pelo menos, dois dias sem febre.
Para mulheres que se auto isolam porque alguém em sua casa tem possíveis sintomas da COVID-19, as consultas devem ser adiadas por 14 dias.
O que se pode fazer para reduzir o risco de pegar coronavírus:
A coisa mais importante a fazer é seguir as orientações baseadas em evidências científicas. Para mulheres grávidas, isso inclui:

• Lavagem regular das mãos;
O conselho mais importante que os especialistas em saúde podem dar para nos ajudar a ficar a salvo da COVID-19 é este: LAVE AS MÃOS.
Lavar as mãos com água e sabão é uma arma muito mais poderosa contra germes do que muitos de nós imaginamos. A primeira coisa que acontece é que você está removendo fisicamente as coisas das suas mãos. Ao mesmo tempo, para certos agentes infecciosos, o sabão vai realmente destruí-lo.
Os coronavírus (como a versão deste ano que já deixou mais de 414.000 casos confirmados de COVID-19 em todo o mundo) estão envoltos em um envelope lipídico – basicamente, uma camada de gordura. O sabão pode quebrar essa gordura e tornar o vírus incapaz de infectá-lo.
A segunda coisa que o sabão faz é mecânica. Torna a pele escorregadia para que, com bastante fricção, possamos retirar os germes e enxaguá-los.

• Cortar bem as unhas para facilitar a higienização das pontas dos dedos;

• Se for obrigada a sair de casa cubra os cabelos com um lenço, assim você protege a contaminação dos fios e posterior contaminação das mãos;
• Use um lenço de papel quando você ou alguém da sua família tossir ou espirrar, descarte-o e lave as mãos;

• Evite o contato com alguém que esteja apresentando sintomas de coronavírus. Esses sintomas incluem alta temperatura e / ou tosse seca e contínua;
• Evite o uso não essencial de transporte público, quando possível;
• Trabalhe em casa, sempre que possível;
• Evite grandes e pequenas reuniões em espaços públicos, observando que bares, restaurantes, centros de lazer e locais similares estão atualmente fechados, pois as infecções se espalham facilmente em espaços fechados, onde as pessoas se reúnem;
• Evite ir a igrejas, sinagogas ou templos. O poder da oração é o mesmo nesses lugares ou em casa. Se você realmente se preocupa com o próximo faça sua parte FIQUE EM CASA;
• Evite reuniões com amigos e familiares. Mantenha contato usando a tecnologia remota, como telefone, internet e mídias sociais;
• Use serviços telefônicos ou online para entrar em contato com o seu médico ou outros serviços essenciais.