Chanceler federal diz que crise da covid-19 sobrecarregou especialmente as mulheres: “Temos que garantir que não voltemos a velhos padrões de gênero que pensávamos ter superado”.

Da Deutsche Welle Brasil
    
Screenshot Video-Podcast Kanzlerin Merkel | Weltfrauentag.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, fez um alerta no sábado (06/03) de que a pandemia pode levar a retrocessos na luta pela igualdade de gênero. A mensagem, divulgada em seu podcast semanal, tem como ocasião o Dia Internacional da Mulher, na segunda-feira.

“Temos que garantir que a pandemia não nos leve a cair novamente em velhos padrões de gênero que pensávamos ter superado”, disse Merkel.

Merkel lembrou que, na Alemanha, o trabalho adicional de cuidado de crianças e de educação em casa durante o lockdown caiu de forma desigual sobre os ombros das mulheres.

A chanceler afirmou que o governo da Alemanha está trabalhando na expansão das instalações de cuidado infantil, especialmente para crianças em idade pré-escolar, a fim de facilitar o trabalho das mulheres.

A principal área de preocupação é o mundo do trabalho, disse Merkel. Ela apontou que mais de 75% dos profissionais da saúde são mulheres, que, por sua vez, ocupam apenas 30% dos cargos de liderança no setor.

“É inaceitável que as mulheres desempenhem um papel decisivo no apoio à nossa sociedade, mas, ao mesmo tempo, não participem igualmente de decisões importantes na política, na economia e na sociedade”, disse Merkel.

O problema da disparidade salarial

Outro motivo de preocupação para a chanceler alemã foi a diferença salarial entre homens e mulheres na Alemanha.

Merkel argumentou que, quando homens e mulheres desempenham papéis igualmente importantes, deveriam ganhar a mesma quantia: “É por isso que precisamos de paridade em todas as áreas da sociedade. Isso inclui também a possibilidade de, finalmente, as mulheres poderem ganhar tanto quanto os homens”.

A Alemanha tem uma das maiores disparidades salariais de gênero na Europa: as mulheres ganharam em média 19% menos que os homens em 2019. Isso se deve em grande parte às mulheres que trabalham em tempo parcial, muitas vezes para cuidar de crianças.

Um relatório da UE sobre desigualdade de gênero, publicado no início desta semana, também expressou preocupação com retrocessos durante a pandemia. O relatório concluiu que a pandemia “exacerbou as desigualdades existentes entre mulheres e homens em quase todas as áreas da sociedade”.

Ele também apontou que as mulheres estavam mais propensas a trabalhar nos empregos do setor de serviços, que foram mais afetados pelo lockdown, e, portanto, estavam mais propensas a ficar desempregadas.

Segundo o relatório, pode levar anos ou até décadas para retornar ao progresso feito antes da pandemia.

rpr (dpa, ots)